“Talking cure” ou “limpeza de chaminé” foram os termos utilizados por Anna O. para descrever a Psicanálise nos seus primórdios. As expressões utilizadas pela paciente, cujo caso é considerado percursor da clínica psicanalítica, colaboram uma descrição sucinta e ainda válida dessa proposta terapêutica: exaurimento de sintomas, através da narrativa de vida, mediante vínculo e escuta analítica que favoreçam retificações subjetivas por parte do paciente.

Para chegarmos a isso, Sigmund Freud, ao longo de sua vasta pesquisa e produção científica, tratou de fundar e desvendar os mecanismos de funcionamento da dimensão inconsciente que constitui os sujeitos, oferecendo indicações consistentes de possíveis núcleos de sofrimento pretéritos que subjazem ocultos de nós mesmos, condicionando repetições e sofrimentos atuais. Torná-los conscientes, portanto, é tarefa fundamental do psicanalista.

A produção pós freudiana corrigiu, negou, reafirmou e acrescentou muito ao seu legado, tanto nos aspecto teórico, quanto no aspecto clínico. Muitos desses novos aportes integram hoje a clínica psicanalítica.
A despeito da simplicidade com que Anna O. formulou: “cura pela fala”; a Psicanálise é uma modalidade terapêutica sem compromisso com a eficiência imediatista, ela é custosa e dificilmente indolor. Exige coragem e comprometimento.


Texto de Newton Molon – Psicanalista