A dor é um fenômeno multidimensional e deve ser vista por uma equipe interdisciplinar. A avaliação psicológica é necessária para que o paciente seja abordado sobre seus múltiplos aspectos e especialmente pelo fato da dor trazer sofrimento. É possível estar emocionalmente bem sentindo dor?

Existem pessoas que conseguem gerir a sua condição de uma forma mais otimista, minimizando os efeitos negativos da doença. Essas pessoas continuam com as suas atividades diárias, mesmo que sejam necessárias algumas adaptações, e aceitam a existência da dor, adaptando-se a ela e adotando estratégias de confronto adequadas. Outras pessoas, e principalmente em situações de dor crônica, desenvolvem um conjunto de características comportamentais e psicológicas que demonstram uma situação de catastrofização da dor, observando-se desistência, desesperança e desespero, devido a insucessos consecutivos no controlo da dor; debilidade física decorrente da inatividade e da perda de interesse nas atividades do dia-a-dia; desenvolvimento de quadros depressivos e ansiosos, associados a sintomas disfuncionais como o evitamento ou redução significativa da atividade física habitual, alterações do sono e da alimentação; conflitos com familiares e amigos; entre outros aspetos.

De forma a intervir nos quadros de dor, a abordagem cognitivo-comportamental tem sido a mais utilizada, defendendo a importância das cognições e das respostas de confronto e ajustamento à dor aguda e crônica

No contexto da dor, esta abordagem procura modificar respostas cognitivas e comportamentais relacionadas ao quadro álgico, assumindo que essas mudanças conduzirão a um melhor funcionamento físico e psicológico do indivíduo.

Angélle Jácomo, fisiatra, Clínica Flor da Manhã