Automutilação em crianças e adolescentes⠀
O comportamento de automutilação pode ser definido como dano direto a uma parte ou tecido do corpo sem intenção de suicídio. Tal comportamento está em ascensão entre os adolescentes, e está relacionado a índices maiores de tentativas de suicídio nesta faixa etária, além de maior índice de sofrimento psicológico e alguns transtornos mentais, como ansiedade e depressão.⠀
Os motivos relatados para a prática desse comportamento incluem esforços para resistir a pensamentos suicidas, expressão de raiva ou repulsa, influenciar outras pessoas ou buscar cuidado de outros e alívio de angústia.⠀
Existem muitas causas que levam ao comportamento de automutilação: psicoemocional, social, cultural e também neurofisiológica. A hipótese neurobiológica que explica o alívio emocional na automutilação envolve o sistema de neurotransmissores endógenos (como a beta-endorfina), que é ativado durante a autolesão, e atua na amenização de emoções negativas. A busca da autolesão alivia a angústia e o sofrimento se torna mais suportável.⠀
Por se tratar de um comportamento que gera sofrimento para a pessoa e seus familiares e, com algum risco associado, o tema tem suscitado interesse de várias disciplinas: psiquiatria, psicologia, sociologia e antropologia. O manual de classificação mais recente de Psiquiatria (DSM 5) incluiu a automutilação como um “diagnóstico” isolado na “seção para estudos posteriores”, estimulando, assim, mais pesquisas e investigações sobre o tema.⠀
Se você, pais ou professores, perceber que a criança ou adolescente está com essa prática, tente ouvi-lo e entender qual é o sofrimento, sem nenhum tipo de julgamento. Estabeleça um vínculo de confiança e mostre a ele que não está sozinho. Além disso, ofereça ajuda profissional de um psicólogo ou psiquiatra.⠀
Bárbara Bandeira, psiquiatra da infância e adolescência, Clinica Flor da Manhã⠀